domingo, 17 de julho de 2011

Diário de um Sobrevivente (Dia 4, parte 2)

 
  Quando eu estava saindo do apartamento 603, lá estava em pé, na porta do 601, o pai daquela família. O corte no pescoço estava realmente muito profundo, e eu senti náuseas ao ver aquela cena.. O sangue coagulado, porém com uma cor muito escura próxima do preto, pingando no chão em gotas densas, aquele monte de carne pendurada. Os olhos me chamaram muito a atenção, pois não tinham mais uma cor viva, eles agora eram de um cinza quase branco. Eles estava parado lá, me observando, balançando vagarosamente como um pêndulo. Parecia que ele não me via. E antes estático, paralisado pelo medo, resolvi tomar alguma atitude, e dei um passo para trás. Foi o suficiente para que a criatura parasse de balançar, e com um movimento brusco e rápido, como o ataque de uma serpente, avançasse em minha direção. Agora a aparência dele era outra, era como um demônio, com a boca aberta, aqueles dentes podres e amarelos, a gengiva negra, a boca toda suja de sangue, aqueles olhos sem vida, partiam para cima de mim como um leão faminto.. Sua velocidade me espantou, e minha única reação foi dar um passo para dentro do apartamento que eu estava, e bater a porta.. Se eu ficasse mais um segundo na frente dele, não sei se estaria aqui nesse momento.
  A criatura estava do outro lado da porta, batendo e arranhando, como um louco.. Aqueles grunhidos eram pavorosos, e merda, eu sabia que iria chamar a atenção de outros seres.. Com a porta fechada tive alguns minutos para pensar e respirar. A única maneira de sair desse local seria enfrentando a criatura.. Me acalmei, peguei minha arma, fiz mira em alguns pontos, até parar de tremer e me sentir seguro para acertar o peito daquela criatura. Coitado de mim, no peito! Mas agora eu já sei o que de fato mata essas coisas..
  Se a porta abrisse para fora, seria muito mais fácil. Mas como essa não era minha realidade, tive que pensar. Dava para ver por baixo da porta, que apesar da criatura ter parado de socar a porta, ela ainda estava lá, parada.. Com um leve movimento, abri um pouco a porta, e graças a Deus (Ele de novo!) o ser não notou.. Me posicionei então no canto oposto da sala, isso me daria uns 5 metros de distância da criatura, suficientes para acertá-la com os 7 tiros de um pente da minha Taurus.. Peguei então uma jarra que estava ao meu lado e arremessei na porta. A criatura entrou como um touro, e parou ums segundos para se localizar. Esse momento foi suficiente para eu começar, descarreguei um pente inteiro no peito daquela coisa, que logo caiu para traz, e no chão, teve alguns espasmos. Recarreguei minha arma, e quando olhei novamente, a criatura estava levantando! Puta que pariu, foram 7 tiros no peito! Ela se levantava e preparava outro bote, e eu, no desespero, usei minhas últimas 7 balas. Os primeiros tiros foram no peito também, e mesmo assim, aquela coisa continuava de pé, até que numa atitude de pura sorte, acertei meu 7° e último tiro na cabeça. A criatura parou na hora, e lentamente caiu para trás, dessa vez sem espasmos. Esperei algum tempo, e ela não levantou. Peguei então minha faca, e lentamente me aproximei, e vi que era seguro. Finalmente estava morta.
  Sai correndo novamente pelas escadas de emergência, voltei para meu apartamento no 4° andar, e mais uma vez eu chorei. Estava tremendo muito, desesperado. Que merda era aquela? Como não morreu depois de 13 tiros no peito? Corri no meu armário de remédios, e tomei 3 calmantes que me fizeram dormir. Ao acordar mais calmo, tive sanidade para pensar com frieza. Aquele pai de família provavelmente já sabia o que eram essas coisas, e sabia o que fazer para acabar com elas. Sua esposa e seu filho, foram mortos com uma facada na cabeça, e ele cortou seu próprio pescoço, e como o cérebro estava intacto, ele se reanimou. Me parece que somente danos na cabeça matam essas coisas, já que ele morreu só depois de eu acidentalmente acertar a cabeça, mesmo depois de 13 tiros certeiros no peito. Acho que a ficção está se tornando realidade, e essas coisas são zumbis, iguais aqueles que eu lia nas histórias em quadrinhos, ou via em filmes. Agora está claro para mim que esse tal vírus ressucita os mortos. Tenho certeza que aquele ser se arrastando aos pedaços no chão, era um dos rapazes que foram atacados na loja. Minha situação não está boa, só está piorando, mas pelo menos agora, eu sei que tipo de perigo estou a enfrentar..